sexta-feira, 11 de março de 2011

Are you getting the best of you?




Falar de coisas subjetivas é difícil. Tentar exprimir em palavras uma questão que é vista quase que inteiramente como sentimento é um desafio. Coisas acontecem e mudam nossa vida em diferentes aspectos, o que acaba por me fazer hoje uma pessoa infinitamente mais forte, madura, aberta, tranqüila e ainda mais observadora. Podemos até nos encontrar ao nos perdermos na vida de alguém. Entender como as coisas são e não como queremos que elas sejam é o ponto.

Nascemos sob esse paradigma do amor romântico, aquele irreal calcado na idealização do outro, parece que vem no nosso DNA. Ele é algo que se sente e não se fala ou escreve, não é? Todos vamos ser puros e singelos, vamos fazer tudo como nos manda o script. O mesmo script não nos avisa que no fim essa coisa, que já foi vista como uma doença, vai ser a causa do nosso sofrimento. Mas será que ele tem todo esse poder, ou será que nós mesmos somos os culpados por nos cegar ingenuamente com ele?

Esquecemos de observar como ele mudou ao longo da história, e o que conhecemos hoje também pode ser (ou já está sendo) mudado, não é portanto a verdade absoluta. Ao surgir um problema, temos a certeza de que ele é nosso ou do outro. A confiança e felicidade não devem ser baseadas no outro, tampouco em si mesmo. Tanto o outro quanto você vão errar e com isso vem o sofrimento.

Ainda esperamos uma fusão, que o outro nos faça feliz insanamente suprindo tudo. Como uma fórmula mágica e ingrata em que ele já tem adivinhado todos os antídotos dessa receita por ser nossa cara metade. Uma estagnação e passividade que nos faz trocar o “Eu te amo” por “Eu quero me separar” assim que o outro pára de nos mover, de injetar essa “felicidade” em nós. Nós somos muitíssimo mais responsáveis por nossa própria alegria e prazeres do que imaginamos ao adentrar uma relação.

Quando estamos apaixonados devemos reformular nossas expectativas. Olhar para o outro de forma não idealista, apenas como veículo que contribui e abastece essa felicidade. A pessoa abre espaço pra nós e esse prazer, que é uma coisa independente, vem. Não é uma coisa causada ou movida diretamente por um ou outro. Temos sim de abrir bem esse espaço com o parceiro para que aconteça. As coisas acabam e não se medem pelo tempo durado, mas sim pela intensidade e profundidade com que nós conseguimos vivenciá-las, um trabalho que somente nós podemos exercitar conosco esse limite.

Gustavo Gitti já disse: esperar que o outro nunca vá pra "um lugar" e basear ou colocar isso como ponto chave para acabar uma relação por "traição de confiança" assim como depositar essa confiança em si assumindo "eu nunca vou para aquele lugar" é um grande erro. Às vezes você também pode "ir para aquele lugar".

Não há como controlar a vida, ela se move, oscila. Só é vida porque há esse movimento mudando dentro de si e dentro do outro. Com isso o amor e essa confiança (que definimos como sintoma do amor) se traduzem totalmente em uma questão de abertura, presença, cuidado, vontade, paixão e desejo, ao invés de um sentimento forte, louco, misterioso e somente sentido, o que a maioria das pessoas em nossa cultura ocidental aprendem, cultuam e perseguem, ainda que de modo quixotesco.

J.Felipe

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