sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pós Pearl Jam no Brasil (texto de 13.11.2011)


Gostar de PEARL JAM deve ser algo que não se escolhe, já nascemos com isso. Há algum carimbo “PJ” divino no céu, e, como ocorre com os bebês do clipe de "Do the Evolution", vão escolhendo os que irão recebê-lo ao nascer para carregá-lo durante a vida. Termina a tour no país e talvez os melhores shows que vi, mas nunca o sentimento. Algo inexplicável. Em alguns momentos dos meus quase trinta anos, a vida me levou a poucos períodos curtos de distanciamento, seja por falta de tempo ou opção de buscar coisas novas, mas sempre sabendo que nada me emociona ou conta mais de mim musicalmente.


Bastava voltar a ouvir e tudo vinha à tona. Está no sangue, sou pontuado por essas músicas em todo meu crescimento. Em termos de arte eu não conheço nada tão bem quanto isso: cada disco, cada música, cada melodia, cada letra, cada história, cada fase. É uma história que acontece junto e misturado com a minha nessa louca existência na qual me puseram. Difícil é imaginar minha vida sem o Pearl Jam.




Seis anos depois da tão esperada primeira vez, esses shows foram inesquecíveis. Viagem, amigos, expectativas, lembranças, adrenalina, arrepios, empolgação, celebração. Havia momentos que a sintonia na escolha de canções parecia surreal para que desencadeasse tal reação.

Penso que ter a oportunidade rara de se emocionar ao vivo com a banda que esteve presente em todos os seus momentos - bons e ruins -, te fazendo crescer desde os 16 anos, é uma das coisas da vida que se somam a outras e amanhã irão me fazer sorrir e pensar que valeu sim à pena passar por essa existência. Recomendo viverem isso todos aqueles que têm na música a forma mais emocionante de arte, e também conseguem se transportar ao ouvir uma bela canção.

J.Felipe – 13/11/2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

So what ya giving?

A história da civilização já deu tantas voltas, idas, vindas e mostras do que é capaz, porém ainda assim impressiona o quanto compramos um pacote sempre pronto: querer sempre mais do que precisamos para então conseguirmos ser livres. Essa loucurinha de querer acumular uma verba pra depois achar que ficou independente. Independente de que? Como independente? Ora, nosso viver é um fluxo contínuo até a morte. Entramos no trem e dentro dele não tem jeito, vamos nos molhar experimentando todos os gostos que ele proporciona durante a viagem mais cedo ou mais tarde. Mas a viagem nunca pára só porque você quer.

Deixando de lado os problemas gastrointestinais oriundos das constantes cobranças e saindo um pouco do turbilhão diário da competição feroz pelo dinheiro ou por ser melhor, quem não veio ao mundo apenas a passeio ou a compras, ou melhor, quem ao menos se interessa (não precisa mais que isso!) e gosta de refletir um pouco sobre o que veio fazer nesse planeta, observa logo que essa questão puramente comercial fica em segundo plano – ainda que seja parte diária presente conosco. Dependendo do ângulo de visão do mundo, nós enxergamos a grande poluição sonora e visual: pessoas se matando na Líbia, o mercado financeiro derretendo em outros países, a questão ambiental ganhando tons alarmantes... Por outro lado também há as pessoas tomando consciência da interdependência, buscando caminhos (pode ser um livro, uma música, uma revista ou até um programa de rádio) para um conhecimento menos superficial sobre essa nossa existência.

Obter conhecimento, evoluir espiritualmente e progredir como pessoa não tem uma relação estreita com a quantidade de notas quentes que há no bolso e te darão conforto com a ajuda do omeprazol. Ter ou não dinheiro não faz diferença ou é problema, mas sim o que doamos ou compartilhamos com isso. Muita gente segue um manual, tentando em vão ser equilibrado quando na verdade a grade sacada eficaz vem espontaneamente sendo um bom equilibrista: caímos e levantamos, vivemos altos e baixos, sorrisos e choros, a mudança é mesmo permanente. Não ficaremos imunes a nada até o fim dos dias, por mais que evitemos topadas. Inteligência emocional pra sugar o que cada glória e percalço nos mostram de aprendizado, entrando em contato com o nosso “eu” mais simples e profundo - aquilo que de verdade é nossa essência - não é fácil.

Situações de stress são componentes da vida, nos deixam mais acordados. Podem ser parte de um processo de reestruturação, já que aprendemos com a dor. Depois de um momento difícil, conseguir refletir, sentar e reavaliá-lo sem demonizá-lo já é crescimento. Sinto hoje uma necessidade maior de dividir e conhecer coisas do que aos 20 anos. Aprendi que simplicidade e humildade é o que há de mais sofisticado e sábio, por isso mesmo o valor é incalculável. Esse é o ponto, menos preço etiquetado e mais valor das coisas, menos chegada ao destino, mais sabor da viagem e tudo o que ela nos mostra e enriquece.

J.Felipe

*Belas palavras:

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Superficialidade

Hoje foi o dia de uma das maiores tragédias do Rio de Janeiro e pra mim ainda mais lamentável é a forma como isso é abordado e chega até nossas casas. Esgotam o assunto de todas as formas sensacionalistas possíveis e criam uma indignação passiva nas pessoas que começam emocionalmente a bradar em vão "cadê a segurança devida contra esse demônio?" ou fundamentar o crime em preceitos religiosos como "esse mundo está acabando mesmo, como pode isso!". O problema não é segurança escolar e tampouco o apocalipse. Demonizar o efeito é mais fácil que analisar as causas. A verdade é que nem o Canadá, um dos países mais seguros e tranqüilos do mundo, se safa ou erradica crimes do tipo.

Uma semana atrás um jovem cometeu suicídio atirando-se do 11º andar da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O que faz do jovem que premeditadamente atentou contra crianças e se matou um "monstro maluco" e o que arremessou sua vida do alto de 40 metros e viu ela se esvaindo um "pobre rapaz" apenas? Apesar da diferença de exposição midiática, são pessoas que sofrem de transtorno psicológico (eis aí a raiz da questão!), ou ao menos chegaram a esse ponto extremo por alguma razão ainda pouco passível de entendimento racional por nossa parte. Só vemos o absurdo, o grotesco.

Onde está o bom jornalista (ou o bom jornalismo) pra furar o senso comum deixando esse ranço sensacionalista de lado e esquentando um pouco a cadeira do objetivo maior da profissão, que é o de informar e levar conhecimento útil que acrescente pra sociedade? Não vi uma discussão e nem sequer uma pincelada sobre criação de meios preventivos de sociopatia ou acompanhamento psicológico para predispostos. Pessoas com problemas sempre vão existir. Pra nós aqui do Brasil é uma situação pouco vista, precisamos que a grande mídia toque no cerne da questão fazendo o estado se mobilizar.

Imagino situações hipotéticas, tais como se eu ou mesmo alguma outra pessoa de bem que conheço chegassemos a um extremo parecido sem precedentes. Penso que a recepção por parte dos que estão de fora, através do senso comum incitado pelos nossos meios de comunicação de massa, seria a mesma. À parte o que somos de bom, somente nos sobrariam adjetivos ruins tachados de forma mecanicamente preguiçosa para justificar o feito. Mesmo que na realidade do dia-a-dia não representássemos adequadamente nenhum deles.

Quem leu a carta deixada hoje pelo jovem percebeu que o mesmo possuia visão das coisas, tinha ciência concreta do que faria e do seu fim. Temos exemplos clássicos de atentados protagonizados por pessoas de alto nível social e que não representavam ameaça alguma para sociedade antes de praticá-lo. O que passa na cabeça antes de um momento desse? O que leva a um momento explosivo assim? Como coibir o acesso às armas de fogo? Sair da superficialidade é preciso para obter visão mais próxima da nossa realidade enquanto seres humanos complexos e assim evoluir melhorando nossa existência.

J.Felipe

terça-feira, 5 de abril de 2011

Um Mergulho

Vem o prenúncio da pancada
Testemunha de vibratórias prazerosas
A corrida começa e também o reconhecimento
A velocidade aumenta e junto com ela a vibração
O momento tão esperado, tão aguardado

Nossas almas passeiam, se elevam
E somente lá hoje se encontram
O tempo é rápido, porém fortemente intenso
E após a última catarse se vai
Levando consigo o amor, o ódio, a raiva, a saudade e a paixão acumulados pra ele

J.Felipe

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Cidade Maravilhosa


O Brasil já é um país desenvolvido há tempos. Basta pegar os dados mundiais de crescimento e ver. O que falta é algo primordial, é conseguir ser um país sério. Não sou contra o lucro e o acúmulo de propriedade, mas lamento, tem coisas que ainda me soam absurdas nessa busca desenfreada que te impede de saborear a vida e mais que isso, prejudicar a dos outros de forma irresponsável sem haver punição. Há muitas estações de tratamento de efluentes em locais com fiscalização muito bem feita e que o projeto é (pasmem!) do próprio fiscal do meio ambiente. Ele faz o projeto e ele mesmo, claro, o aprova depois.

A gente não vê, mas isso vai afetar diretamente as nossas vidas no futuro. A administração empresarial no RJ é amadora e a política ambiental mais ainda. A maioria dos hospitais federais, estaduais e municipais do RJ não tem estação de tratamento de esgoto. Nas universidades federais, estaduais e particulares que tem laboratórios também não existe estação de tratamento. Todas as manipulações feitas são enfiadas no ralo e vai junto com o esgoto sanitário comum. Acho que se forem mapear tudo de modo sério vai dar muito pano pra manga.

E não só de água superficial o descaso carioca se alimenta. Se for falar de reservas subterrâneas, reparem que Jacarepaguá possui como indústrias principais químicas e farmacêuticas e não pegam água da CEDAE, mas sim água subterrânea. Esse bairro há tempos consome essa reserva e é um dos que mais cresce, entope o trânsito e abarrota de gente comprando (caro) apartamentos que brotam a cada dia sem se preocupar com condições básicas de saneamento como essa.

Eis o problema raíz: o empresário visa lucro, só que ainda a todo custo, mesmo expondo sua população a riscos. Vamos ter a nossa Copa do Mundo em 2014, se o RJ continuar com o tipo de administração empresarial que já tem corre risco de dar vexame. Veio o Pan-Americano pra ensinar e nada se fez, construiram a Vila do Pan em cima de um pântano que está afundando. A Arena Multiuso entregaram pro HSBC (no último domingo estive lá em um show internacional cancelado vexatoriamente por falta de estrutura e organização básica), o Engenhão entregaram pro Botafogo, o Parque Aquático Maria Lenk está jogado e ninguém quer.

O que será do RJ depois da Copa, como uma grande cidade sede, e Olimpíadas, que abrigará todos os jogos? A coisa pode ser feia. Nunca será para os que assistem a verdade da Rede Globo e teimam em se conformar com o título já vencido dos anos 50 de "Cidade Maravilhosa". Como diz o Lobão, vivemos em um dos países mais violentos e corruptos do mundo, mas curtimos nossa cultura assim, bem bossa nova, bem inofensiva e tranqüila, o que nem de longe condiz com nossa realidade e só ofusca a visão. Isso muda quando deixarmos de ser cordeiros e entrarmos na fila de tomar pancada pra ser sério.

J.Felipe

quinta-feira, 24 de março de 2011



VEJA ESSE VÍDEO E ENTENDA PORQUÊ COVARDES À SERVIÇO DE UM GOVERNO CORRUPTO QUE ROUBA O SEU DINHEIRO E O MEU BALEARAM O GRANDE E BRAVO BLOGUEIRO RICARDO GAMA ONTEM (23/03) EM COPACABANA.

J.Felipe

sexta-feira, 11 de março de 2011

Are you getting the best of you?




Falar de coisas subjetivas é difícil. Tentar exprimir em palavras uma questão que é vista quase que inteiramente como sentimento é um desafio. Coisas acontecem e mudam nossa vida em diferentes aspectos, o que acaba por me fazer hoje uma pessoa infinitamente mais forte, madura, aberta, tranqüila e ainda mais observadora. Podemos até nos encontrar ao nos perdermos na vida de alguém. Entender como as coisas são e não como queremos que elas sejam é o ponto.

Nascemos sob esse paradigma do amor romântico, aquele irreal calcado na idealização do outro, parece que vem no nosso DNA. Ele é algo que se sente e não se fala ou escreve, não é? Todos vamos ser puros e singelos, vamos fazer tudo como nos manda o script. O mesmo script não nos avisa que no fim essa coisa, que já foi vista como uma doença, vai ser a causa do nosso sofrimento. Mas será que ele tem todo esse poder, ou será que nós mesmos somos os culpados por nos cegar ingenuamente com ele?

Esquecemos de observar como ele mudou ao longo da história, e o que conhecemos hoje também pode ser (ou já está sendo) mudado, não é portanto a verdade absoluta. Ao surgir um problema, temos a certeza de que ele é nosso ou do outro. A confiança e felicidade não devem ser baseadas no outro, tampouco em si mesmo. Tanto o outro quanto você vão errar e com isso vem o sofrimento.

Ainda esperamos uma fusão, que o outro nos faça feliz insanamente suprindo tudo. Como uma fórmula mágica e ingrata em que ele já tem adivinhado todos os antídotos dessa receita por ser nossa cara metade. Uma estagnação e passividade que nos faz trocar o “Eu te amo” por “Eu quero me separar” assim que o outro pára de nos mover, de injetar essa “felicidade” em nós. Nós somos muitíssimo mais responsáveis por nossa própria alegria e prazeres do que imaginamos ao adentrar uma relação.

Quando estamos apaixonados devemos reformular nossas expectativas. Olhar para o outro de forma não idealista, apenas como veículo que contribui e abastece essa felicidade. A pessoa abre espaço pra nós e esse prazer, que é uma coisa independente, vem. Não é uma coisa causada ou movida diretamente por um ou outro. Temos sim de abrir bem esse espaço com o parceiro para que aconteça. As coisas acabam e não se medem pelo tempo durado, mas sim pela intensidade e profundidade com que nós conseguimos vivenciá-las, um trabalho que somente nós podemos exercitar conosco esse limite.

Gustavo Gitti já disse: esperar que o outro nunca vá pra "um lugar" e basear ou colocar isso como ponto chave para acabar uma relação por "traição de confiança" assim como depositar essa confiança em si assumindo "eu nunca vou para aquele lugar" é um grande erro. Às vezes você também pode "ir para aquele lugar".

Não há como controlar a vida, ela se move, oscila. Só é vida porque há esse movimento mudando dentro de si e dentro do outro. Com isso o amor e essa confiança (que definimos como sintoma do amor) se traduzem totalmente em uma questão de abertura, presença, cuidado, vontade, paixão e desejo, ao invés de um sentimento forte, louco, misterioso e somente sentido, o que a maioria das pessoas em nossa cultura ocidental aprendem, cultuam e perseguem, ainda que de modo quixotesco.

J.Felipe

sábado, 5 de março de 2011

domingo, 26 de dezembro de 2010

Vergonha



Essa é a prova cabal de que não vivemos em um país sério. Basta lembrar rapidamente o desrespeitado Artigo 5º, Parágrafo XV da Constituição Federal: "é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens"

Se você, assim como eu, é tomado por uma revolta e vontade de esquartejar os responsáveis por abusos do tipo, divulgue esse vídeo o quanto puder. Para vencer isso e tudo mais de corrupto que existe é preciso que não percamos a capacidade de nos indignar.

J.Felipe

domingo, 19 de dezembro de 2010

É para o povo?




A quem interessa a reforma do Maracanã? Reduzem a capacidade do estádio em obras e obras alegando necessidade de moldá-lo pelas normas da FIFA para a Copa do Mundo, esquecem que futebol é arte, é cultura, coisa do povo e pro povo e o preço dos ingressos fica cada vez mais alto.

A mídia vende a reforma como algo positivo obviamente por que não interessa para eles estádios lotados, visto que seus aparatos tecnológicos possibilitam toda e qualquer manipulação de áudio ou a indução de um ambiente lotado e barulhento. Já os interessa demais que o cara sente na poltrona de casa e compre o pacote do campeonato que ela investe uma grana, tem poder de veto e manda nos horários e na tabela.

Uma simples arquibancada de jogo de meio de campeonato vi esse ano saindo por super modestos R$ 50,00. Inclua sua cerveja, água, salgadinho e pense "Tá louco! Vou ficar em casa no sofá vendo tudo com direito a replay". Estabelecem assim condições para que o cara não vá ao estádio e compre o seu pacote. Não se interessam pelo torcedor e sim pelo telespectador. Quem vai em jogo hoje em dia não tem dinheiro para ingresso dos jogos da Copa. Veremos em 2014 o estádio do povo sendo clamufladamente fechado para os nobres sentarem e acenderem os charutos assistindo um "supermegaultrapopular" clássico como Brasil x Argentina.

O Maracanã, impulsionadamente conhecido internacionalmente como "o maior estádio do mundo" teve além da capacidade de público, sua extensão de gramado também reduzida. O São Paulo Futebol Clube não entrou na roda. Ficamos sem jogo de fácil acesso para pagar e assistir no moderno e pomposo estádio, o Morumbi tem o dele. Ficamos sem estádio, não vimos Paul McCartney e não veremos U2, o Morumbi viu e verá. Ficamos sem essas poucas coisas, mas ainda temos as balas perdidas e o medo a nos preocupar e turvar a visão das coisas no dia-a-dia.

J.Felipe